Já faz algum tempo que estou com esse tema na cabeça, mas
ainda não havia encontrado a melhor maneira de explorá-lo.
Minha idéia não é filosofar sobre a ética, mas o papel dela
na dança, entre os professores da área e entre alunos.
Antes de começar a escrever este texto li algumas coisas a
este respeito: textos bons, ruins e outros mais ou menos. Mas me ajudaram a
traçar um caminho de escrita.
Para começar, gostaria de ressaltar (de forma bem
simplificada) que: a ética visa estabelecer o melhor modo de viver no cotidiano
e na sociedade, diferente da moral que visa estabelecer regras de conduta no
cotidiano e na sociedade.
Não tenho vergonha nenhuma, pelo contrário, é motivo de
orgulho para mim, poder falar sobre a minha trajetória na dança, até chegar
onde estou. Falar de todos os estágios pelos quais passei, só me deixa
emocionada e com sentimento de que fiz tudo certo.
Encontrei algumas pessoas no início de minha carreira de
professora de dança, que me ensinaram muito, e que por muitas vezes me fizeram
questionar o que estava fazendo, através de broncas e de não promoções em
algumas escolas. Aprendi com isso que devemos sempre respeitar o tempo e a
experiência de quem já estava lá, aquele que chegou primeiro, o mais velho, o
mais experiente, mesmo que a diferença (no caso da dança: técnica) entre nós
fosse pequena ou quase inexistente. “Todos nós ansiamos por reconhecimento na
vida, o tempo todo; respeitando o outro você cria um espaço de respeito para si
mesmo no futuro. A partir do momento que você começa a denegrir o trabalho de
alguém que atua na mesma área é sinal que sua humildade está se evaporando.”
Incomoda-me muito ver essa profusão de professores de dança
pegando carona na onda daqueles que ralaram e estão ralando pra fazer as coisas
acontecerem. Professores que estão mais preocupados no dinheiro que irão receber
no navio que irão aparecer, ou na nova onda que o transformará em novo astro.
Não me preocupa a quantidade de passos que posso ensinar em
um determinado tempo, mas a qualidade da dança. O que me preocupa é fazer meus
alunos dançarem, fazer deles amantes da dança, e não executores de passos, para
isso tem um monte de gente começando e que se acha o Fred Astaire da
atualidade. Para mim essa é a verdadeira ética entre professor e aluno.
Para terminar, respeito e a palavra da vez, se queres ser
reconhecido, construa um caminho que seja seu. O meu não chegou ao fim... Está
apenas no começo.