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quarta-feira, 30 de março de 2011

A Ética na Dança


Já faz algum tempo que estou com esse tema na cabeça, mas ainda não havia encontrado a melhor maneira de explorá-lo.
Minha idéia não é filosofar sobre a ética, mas o papel dela na dança, entre os professores da área e entre alunos.
Antes de começar a escrever este texto li algumas coisas a este respeito: textos bons, ruins e outros mais ou menos. Mas me ajudaram a traçar um caminho de escrita.
Para começar, gostaria de ressaltar (de forma bem simplificada) que: a ética visa estabelecer o melhor modo de viver no cotidiano e na sociedade, diferente da moral que visa estabelecer regras de conduta no cotidiano e na sociedade.
Não tenho vergonha nenhuma, pelo contrário, é motivo de orgulho para mim, poder falar sobre a minha trajetória na dança, até chegar onde estou. Falar de todos os estágios pelos quais passei, só me deixa emocionada e com sentimento de que fiz tudo certo.
Encontrei algumas pessoas no início de minha carreira de professora de dança, que me ensinaram muito, e que por muitas vezes me fizeram questionar o que estava fazendo, através de broncas e de não promoções em algumas escolas. Aprendi com isso que devemos sempre respeitar o tempo e a experiência de quem já estava lá, aquele que chegou primeiro, o mais velho, o mais experiente, mesmo que a diferença (no caso da dança: técnica) entre nós fosse pequena ou quase inexistente. “Todos nós ansiamos por reconhecimento na vida, o tempo todo; respeitando o outro você cria um espaço de respeito para si mesmo no futuro. A partir do momento que você começa a denegrir o trabalho de alguém que atua na mesma área é sinal que sua humildade está se evaporando.”
Incomoda-me muito ver essa profusão de professores de dança pegando carona na onda daqueles que ralaram e estão ralando pra fazer as coisas acontecerem. Professores que estão mais preocupados no dinheiro que irão receber no navio que irão aparecer, ou na nova onda que o transformará em novo astro.
Não me preocupa a quantidade de passos que posso ensinar em um determinado tempo, mas a qualidade da dança. O que me preocupa é fazer meus alunos dançarem, fazer deles amantes da dança, e não executores de passos, para isso tem um monte de gente começando e que se acha o Fred Astaire da atualidade. Para mim essa é a verdadeira ética entre professor e aluno.
Para terminar, respeito e a palavra da vez, se queres ser reconhecido, construa um caminho que seja seu. O meu não chegou ao fim... Está apenas no começo.

quarta-feira, 9 de março de 2011

O prazer de dar aula

Faz tempo que não escrevo e acho que fui influenciada pelo Carnaval e suas produções. Sabem o que me chamou mais atenção? Carros imensos e fantasias grandiosas que não vimos, o que vimos foram pessoas correndo para chegar ao outro lado...a troco de que???
Dar aula pra mim tem muito a ver com isso, mas vamos um pouco mais para traz.
Para começar a dar aulas de dança, passei por um processo muito dolorido. Primeiro, fiz muitos anos de aula, uns 4 anos, e lembrem-se, estou falando de Dança de Salão (Gafieira, Bolero, Forró, Soltinho, Zouk, Salsa, Merengue, Lindy Hop, Valsa...), depois passei a ser bolsista, e tudo aquilo que eu já sabia, reaprendi! E não pensem que isso durou alguns meses não, foram mais 2 anos de bolsista até ser promovida... a instrutora, até podia ensinar mas sob supervisão dos professores e só quando me designavam para isso.
Às vezes era muito difícil ir para a academia, nem sempre os alunos eram legais, tinham suas dificuldades, e eu também tinha os meus problemas, era muito nova e não sabia o quanto isso interferia no meu trabalho, sempre fui muito emotiva e achava que as emoções eram para ser vividas na sua plenitude...tudo na minha vida era dilacerante.
Fui então promovida a professora assistente, era igual a ser instrutora, mas com um pouco mais de responsabilidade, mas ainda sob supervisão do professor efetivo. Os sentimentos ainda eram os mesmos, nada havia mudado.
Nesta época estava na faculdade (Comunicação das Artes do Corpo - PUC), muitas coisas estavam acontecendo e surgiu a oportunidade de trabalhar com Dança de Salão em um Projeto Social no Campo Limpo, para crianças e adultos carentes.
Me vi sozinha, não devia mais nada a ninguém, eu era dona do meu trabalho, podia fazer do jeito que sempre quis sem interferências. E foi com este trabalho que os véus começaram a ser levantados, e eu comecei a entender o que era ensinar. Eu tinha um prazer enorme em dar aula para aquelas pessoas, na verdade, eu aprendia muito mais do que ensinava e aprendi algo que levo pro resto da minha vida: humildade. Dar para aqueles que não não tem nada, por menos que seja, é muito mais gratificante do que podemos imaginar.
Foi realmente uma experiência incrível, mas o projeto acabou...
Voltei a dar aula em Academias de Dança, e tudo aquilo que havia aprendido começou a tomar forma na maneira como eu ensinava, todas as coisas que ouvia quando comecei como bolsista começaram a fazer sentido.
Humildade e paciência, duas virtudes que exercito até hoje e nem sempre é fácil. Muitas vezes nossos alunos tem muita dificuldade, temos que saber entender o tempo de cada um, entender que mesmo quando fazemos um planejamento de aula, estamos lidando com pessoas, e não com coisas que seguem a risca aquilo que imaginamos como ideal.
Foram 12 anos de aulas de Dança para começar a dar aulas efetivamente, e nesses 12 anos aprendi com diversos profissionais, aprendi muitos estilos para poder escolher o meu, observei muitos professores para poder formatar a minha didática, ainda que ela esteja em constante mudança; e ainda não parei de aprender, faço aulas de dança até hoje, pois acredito que experiência não é tudo, mas faz sim diferença e que um bom professor deve entender que o aprendizado nunca acaba, estamos sempre aprendendo, principalmente com nossos alunos.
Para dar aula, não basta saber uma quantidade x ou y de movimentos, é preciso muito mais que isso, é preciso amor àquilo que se faz, tem a ver com o último texto que escrevi, O Prazer da Dança. 
Acredito que não precisamos correr com nossos alunos para o outro lado da avenida carregando um peso enorme de passos mau aprendidos a troco de nada. Acredito que podemos atravessar essa mesma avenida, sempre nos divertindo, cada um no seu tempo, sem pesos, leves, seguros daquilo que podemos fazer, dando um passo de cada vez, mas sempre com aquela vontade de querer muito mais.
Amo o que faço e faço com prazer...Obrigada aos meus alunos que me ensinam um pouquinho mais a cada dia.